Doença de Parkinson além do tremor: os sinais sutis que muitas vezes passam despercebidos
- neuro9
- 11 de set.
- 2 min de leitura

Quando pensamos na doença de Parkinson, a imagem mais comum que vem à mente é a de alguém com tremores nas mãos. Mas a verdade é que nem sempre a doença de Parkinson começa assim, como vemos nos filmes ou nas redes sociais. Muitas vezes, os primeiros sinais são sutis e podem ser confundidos com outros problemas.
Dores sem explicação, rigidez nos membros, fadiga intensa, dificuldade para iniciar movimentos ou até mesmo mudanças na caligrafia podem estar presentes bem antes do tremor aparecer.
Esses sintomas, por serem vagos, muitas vezes levam a diagnósticos equivocados: AVC, problemas ortopédicos, nos nervos, ou até mesmo ansiedade e depressão. E enquanto o diagnóstico certo não vem, o paciente se sente perdido, e acaba ficando física e emocionalmente.
Um caso que marcou minha prática recentemente
Há algumas semanas, atendi um paciente que chegou exausto e emocionalmente abalado. Ele me contou que já tinha passado por diversos médicos e que, em suas palavras, “só faltaram dizer que eu estava inventando a própria doença”. Durante anos, recebeu diferentes diagnósticos:
Primeiro, disseram que era AVC;
Depois, problema na coluna;
Em seguida, suspeitaram dos nervos;
E, por fim, cogitaram até um um tumor.
Enquanto isso, os sintomas seguiam se acumulando e afetando sua vida:
O pé direito demorava a obedecer,
Dificuldade para trocar a marcha do carro,
A escrita ficava miúda e espremida,
A coordenação, antes firme, agora falhava.
Ele trabalha como soldador e começou a se atrapalhar com a máquina, o que fez duvidar até de si mesmo.
Pistas que se conectam
Ao longo da consulta, ele foi lembrando de outros sinais importantes:
Perda de olfato,
Sono muito agitado,
E, o mais curioso: nenhum tremor.
Esse detalhe é fundamental: a doença de Parkinson não se resume a tremores. Existem casos em que o sintoma principal é a rigidez, a lentidão, a perda de coordenação — sinais que só se revelam quando o olhar clínico consegue conectar as peças desse quebra-cabeça.
O impacto emocional do diagnóstico tardio
Quando o diagnóstico demora, o que mais se manifesta é o desgaste emocional. O paciente se sente perdido, sem respostas, e muitas vezes incompreendido por familiares e amigos. Mas quando há um diagnóstico preciso, tudo muda: com o tratamento adequado, é possível reduzir os sintomas e melhorar expressivamente a qualidade de vida.
Nos últimos dias, reavaliei este mesmo paciente e após o tratamento apropriado ele está significativamente melhor.
Por isso, se você ou alguém próximo tem percebido mudanças discretas, como:
Dificuldade em iniciar movimentos,
Alterações na escrita,
Fadiga sem causa aparente,
Perda de olfato ou sono muito agitado.
Não ignore esses sinais.O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença.
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