top of page
Buscar

Depressão ou demência: o que vem primeiro?

  • Foto do escritor: neuro9
    neuro9
  • 6 de ago.
  • 2 min de leitura
ree

Você sabia que episódios depressivos na meia-idade ou mais tarde na vida podem estar ligados ao risco de desenvolver demência no futuro? Essa é uma pergunta que surge com frequência na prática clínica e também foi tema de muitas discussões durante meu período no Memory and Aging Center, nos Estados Unidos.


Por lá, tive o privilégio de acompanhar o trabalho do Dr. Bruce Miller, uma das maiores referências mundiais em neurologia cognitiva e comportamental. Em suas aulas, ele ressaltava um ponto que ainda é um grande desafio: entender se a depressão, nesses casos, é um fator de risco ou um sintoma precoce de um processo neurodegenerativo silencioso.


Na prática, vejo esse dilema de perto. Muitas vezes, pacientes que nunca haviam tido quadros depressivos passam a apresentar mudanças sutis de humor, apatia, perda de interesse ou energia. Quando olhamos com mais atenção, essas alterações emocionais podem estar sinalizando algo maior, especialmente em pessoas mais velhas.


O que diz a ciência?


Um estudo recente publicado na revista eClinicalMedicine acompanhou mais de 1,4 milhão de pessoas por 24 anos. Os resultados foram contundentes: indivíduos com histórico de depressão apresentaram um risco até duas vezes maior de desenvolver demência em comparação com quem nunca recebeu esse diagnóstico.


O risco aumenta ainda mais quando a depressão ocorre mais próxima ao início dos sintomas de demência. Isso reforça a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces da depressão, principalmente após os 50 anos, como estratégia de proteção da saúde cognitiva.


A conexão entre depressão e declínio cognitivo

A depressão pode influenciar negativamente o funcionamento cerebral por meio de vários mecanismos:


  • Inflamação crônica no sistema nervoso central

  • Alterações hormonais, especialmente no cortisol, o hormônio do estresse

  • Redução de substâncias neuroprotetoras, que ajudam a preservar os neurônios


Por isso, cognição e emoções andam juntas. Cuidar da saúde mental é também uma forma de preservar a memória, a atenção e o raciocínio.


O que você pode fazer?


Pequenas mudanças de estilo de vida já ajudam, e muito, na prevenção. Aqui vão algumas recomendações baseadas em evidências:


✔️ Movimente-se: Atividades físicas regulares (como caminhada, dança ou natação) liberam endorfinas e protegem o cérebro.


✔️ Cuide das suas conexões: Laços sociais fortes são protetores contra o isolamento e o declínio emocional.


✔️ Alimente-se bem: Dê preferência a vegetais, peixes, azeite de oliva e grãos integrais. A dieta mediterrânea, por exemplo, é uma aliada comprovada.


✔️ Durma com qualidade: O sono adequado regula o humor e protege a função cognitiva.


✔️ Atenção aos sinais: Desânimo persistente, falta de prazer, alterações no sono ou apetite? Procure ajuda profissional logo nos primeiros sintomas.


Cuidar da saúde mental é cuidar do futuro. A prevenção começa com pequenas atitudes. E elas podem fazer uma enorme diferença na sua trajetória de envelhecimento com bem-estar e autonomia.


 
 
 

Comentários


Cadastre-se para receber novidades

Obrigado(a)

bottom of page