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Tudo sobre o novo remédio para Alzheimer: o que você precisa saber sobre o Donanemabe

  • Foto do escritor: neuro9
    neuro9
  • 14 de mai.
  • 4 min de leitura


Nos últimos meses, uma notícia chamou a atenção de médicos, familiares e cuidadores de pessoas com Alzheimer: a aprovação pela Anvisa, no Brasil, do medicamento donanemabe (nome comercial: Kisunla).


Para quem convive com essa doença progressiva, seja no papel de paciente, seja como alguém que cuida, toda nova possibilidade de tratamento traz esperança. Mas também levanta dúvidas importantes: funciona mesmo? É seguro? Quem pode usar? Já está disponível?


Neste post, vamos explicar, de forma clara e acessível, o que se sabe até agora sobre o donanemabe, seus benefícios, riscos e limitações.


O que é o donanemabe e como ele funciona?


Diferente dos remédios tradicionais que apenas aliviam sintomas como esquecimentos ou confusão mental, o donanemabe atua na causa da doença: ele ajuda a limpar do cérebro as placas de uma proteína chamada beta-amiloide, que está fortemente associada ao Alzheimer.


Essas placas atrapalham a comunicação entre os neurônios e contribuem para a perda de memória e de outras funções cognitivas. O objetivo dele não é fazer a memória voltar a ser como antes, mas atrasar a progressão dos sintomas, permitindo mais tempo com autonomia e qualidade de vida.


Ele funciona mesmo?


Estudos mostraram que o donanemabe pode atrasar o avanço da doença em até 35%, o que representa em média 7 meses a mais com mais autonomia e qualidade de vida. Em outras palavras, o tratamento não cura o Alzheimer, mas pode preservar por mais tempo as capacidades cognitivas que ainda estão funcionando.


Quem pode usar?


Esse medicamento não é indicado para todos os pacientes com Alzheimer. Ele foi desenvolvido para quem está na fase inicial da doença, ou seja, com sintomas bem leves e diagnóstico precoce. Além disso, só pode ser usado por pessoas que apresentam acúmulo de placas beta-amiloide no cérebro, o que deve ser confirmado por meio de exames específicos.


A maior parte dos estudos foi feita com pessoas com mais de 60 anos, mas a idade por si só não é o único critério — o estágio da doença e a presença das placas são o que realmente definem a indicação.


É preciso fazer exames antes?


Sim. Antes de começar o tratamento, o paciente precisa realizar exames avançados, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET scan), para detectar a presença das placas do Alzheimer, como o PET neurológico com Florbetabeno.


Também pode ser necessário realizar ressonâncias magnéticas de crânio, testes genéticos (como o APOE) e exames neurológicos completos para avaliar riscos e segurança.


Quanto custa o tratamento?


Nos Estados Unidos, o custo anual do donanemabe gira em torno de 200 mil reais. No Brasil, o valor ainda não foi definido, mas estima-se que será elevado. Além da medicação em si, o tratamento envolve outros custos:


  • Exames de imagem que detectam placas amiloides (R$ 6 a 10 mil)


  • Testes genéticos (cerca de R$ 500,00)


  • Ressonâncias frequentes para acompanhamento da segurança


Atualmente, o medicamento não está disponível no SUS, nem é coberto pelos planos de saúde.


⚠️ Quais são os riscos e efeitos colaterais?


O principal risco do donanemabe é o surgimento de uma condição chamada ARIA (alterações na imagem relacionadas à amiloide), que pode causar inchaço ou sangramento no cérebro.


Na maioria dos casos, essas alterações foram leves, mas em alguns pacientes houve complicações graves — inclusive, mortes foram registradas durante os estudos clínicos, sempre associadas a casos graves de ARIA. O risco de sangramento observado esteve mais associado a condições específicas dos próprios pacientes, como a presença de microssangramentos prévios e alterações genéticas. Além disso, o modo de administração do tratamento também influenciou: quando a dose foi titulada de forma mais gradual, o risco de sangramento foi menor.


Por isso, o tratamento exige acompanhamento médico rigoroso e monitoramento constante com exames de imagem.


🌎 E em outros países?


O donanemabe já foi aprovado nos Estados Unidos e no Japão. Na Europa, a agência reguladora preferiu aguardar mais dados sobre segurança e benefício clínico, especialmente por causa dos riscos como o ARIA e as dúvidas sobre o real impacto na vida diária das pessoas.


Já sabemos tudo sobre o donanemabe?


Ainda não. Muitas perguntas seguem em aberto:


  • Qual é o perfil ideal de paciente que mais se beneficia?


  • Qual o impacto na rotina e na funcionalidade do paciente a longo prazo?


  • Como evitar ou minimizar os riscos associados ao uso?


Em diversos países, o donanemabe ainda está sendo utilizado apenas em contextos de pesquisa, o que mostra que a ciência ainda está investigando a melhor forma de aplicá-lo na prática clínica.


A conclusão é que o avanço da ciência traz esperança real para quem enfrenta o Alzheimer. O donanemabe é uma das primeiras medicações que não apenas alivia os sintomas, mas tenta modificar o curso da doença.


No entanto, é essencial lembrar:

  • Ainda não existe cura para o Alzheimer

  • O tratamento é caro, complexo e cheio de critérios

  • A decisão de usá-lo deve ser tomada com muito cuidado


Por isso, antes de qualquer passo, é fundamental conversar com um médico especialista, discutir os riscos e benefícios, e envolver toda a família no processo.


 
 
 

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